O MISTÉRIO DA
MISERICÓRDIA
*uma leitura
do segundo parágrafo da bula de proclamação do jubileu extraordinário da
misericórdia, Misericórdiae Vultus (MV)
Um coração pobre, que não se
vangloria, que não se sente maior, que não deixa habitar em si sentimentos de
orgulho ou avareza, um coração humilde. Papa Francisco lembra que a
misericórdia em Deus é um mistério a ser contemplado sempre (MV 2). Deus, que a
tudo criou segundo sua imagem e semelhança, revela em seu Filho primogênito as
profundezas de sua ação para com o ser humano, revela a sua infinita
misericórdia.
Deus esvazia-se, rebaixa-se de
sua infinitude, torna-se humano, para que Nele contemplemos a misericórdia.
Talvez seja esse um grande segredo que tanto humanizou a Jesus Cristo,
permitir-se ser o reflexo da misericórdia do Pai, permitir-se ser testemunha
fiel daquilo que brota em plenitude do coração de Deus, e viver a cada momento
a misericórdia.
Papa Francisco insiste na
misericórdia como fonte dessa humanidade quando ensina a vê-la tal qual uma “lei fundamental que mora no coração de cada
pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida”
(MV 2).
Viver a misericórdia torna-se via
para não cair em pecado, e também meio para afastar o indiferentismo, um dos
grandes culpados desta sociedade cada vez mais desumana. A misericórdia não tem
olhos superiores, ensina a acolher em verdade, sem más intenções. Permitir-se agir
com atos de misericórdia ensina a ser grande de um jeito diferente, ensina a
ser grande como Jesus o foi, ensina a grandeza de coração.
E eis que Jesus coloca a
humanidade diante de um paradoxo, quando assim aponta um coração humilde e
pequeno como um coração grande e cheio de valores. É Deus mesmo ensinando a ser
gente, é o Verbo Criador vindo ao encontro de sua amada criatura para
apresentar-lhe valores que não passam, valores eternos, valores que salvam, que
se transformam em uma diária redenção. A misericórdia tem o poder de redimir a
humanidade, pois “é o ato último e
supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro” (MV 2).
O paradoxo, o mistério da
misericórdia, é a via mais rápida que aproxima o ser humano de Deus, “é o caminho que une Deus e o homem” (MV
2), é a potente força que impele Deus a buscar a humanidade, é também o atributo mais arraigado (e por isso
mais escondido) no coração humano, pois pode vivê-lo independente de credo,
raça, língua ou nação.
É no mistério da misericórdia que
os homens se reconhecem, entram em comunhão, pois de igual modo a carregam em si. E assim, do mesmo modo, o
coração de Deus se une profundamente ao coração humano.
Artigo escrito pelo Seminarista Rodrigo Cristóvão Emerim, está cursando o segundo ano do curso de teologia, e é natural da Paróquia Santa Rosa de Lima, em Santa Rosa do Sul.
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