14 de set. de 2016

ARTIGO DO MÊS DE SETEMBRO


SAGRADA ESCRITURA: A Palavra de Deus



Nós, cristãos, alimentamos a nossa alma com a Palavra Encarnada de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, presente na Eucaristia. E também nutrimos a nossa mente e o nosso coração com a palavra de Deus que nos foi entregue pelos patriarcas, profetas e Apóstolos que escreveram os livros da Bíblia. O que eles nos dão é palavra de Deus, pois Deus inspirou os autores dos livros bíblicos para que escrevessem o que escreveram. Por um ato de Sua providência, Deus fez que os livros escritos sob a sua inspiração se conservassem através de milhares de anos e de gerações sucessivas.

Para falar sobre a Revelação Divina, fonte da Sagrada Escritura, a Igreja, por meio do Papa Paulo VI, escreveu a constituição apostólica Dei Verbum (DV). Neste documento a Revelação divina compreende que Deus, livremente, no seu amor e sabedoria quis revelar-se aos homens por meio de Jesus Cristo para chamá-los a participar da vida divina. Então, o Senhor Deus não quer revelar coisas, mas deseja revelar seu coração amoroso. A Revelação é um diálogo de Deus com a humanidade através de sua Palavra eterna feita carne, Jesus. Este diálogo é para nos levar à vida com Deus, a vida eterna, nossa plenitude (DV 2).

A Dei Verbum mostra como esta revelação foi sendo preparada ao longo da história, preparando para Jesus: na própria criação, Deus já se manifesta pela sua amorosa providência, na eleição de Abraão, nosso Pai na fé, na aliança com Israel e na palavra dos profetas. Assim Deus foi preparando Israel e a humanidade para Jesus Cristo: Ele é a própria Palavra de Deus feita carne. Nele, Deus se deu a nós totalmente (DV 4).

Mas como receber esta revelação de Deus? Qual a nossa atitude, a nossa resposta? A Dei Verbum responde: “A Deus revelador, é devida a obediência da fé!” (DV 5). Em outras palavras: a Revelação deve ser acolhida com fé, com aquela abertura amorosa e disponível que atinge e engloba a pessoa como um todo. A Revelação não é um conjunto de informações para a inteligência, mas Alguém que vem ao nosso encontro e a quem devemos acolher com todo o nosso ser. No entanto, a Revelação inclui também verdades reveladas que devem ser cridas porque foram reveladas por Deus (DV 6). 

Como nos foi transmitida a Revelação divina? Cristo, Revelação do Pai, confiou a Revelação aos apóstolos que pregaram, viveram e, por inspiração do Espírito Santo, colocaram por escrito a mensagem salvífica. Para que essa mensagem de salvação continuasse viva na Igreja, os Apóstolos deixaram os Bispos como seus sucessores e guardiões da verdade salvífica, contida na Tradição oral e na Sagrada Escritura (DV 7). Quanto à Tradição apostólica, ela abrange tudo aquilo que coopera para a vida santa do Povo de Deus e para o aumento da sua fé. Onde está a Tradição? Na doutrina, na vida e no culto da Igreja, que é guiada pelo Espírito Santo. Compete aos Bispos em comunhão com o Papa o discernimento da Tradição apostólica, que vai sempre progredindo na Igreja sob a inspiração do Santo Espírito (DV 8). Compete aos Bispos em comunhão com o Papa a interpretação última, seja da Escritura, seja da Tradição: eles receberam autoridade de Cristo para isso e nesse discernimento são guiados pelo Espírito Santo (DV 10). 

A Escritura é toda ela inspirada por Deus, pois os seus autores escreveram por inspiração do Espírito Santo, de modo que, mesmo que cada autor dos livros bíblicos tenha seu estilo e sua visão, o autor final da Escritura é o próprio Deus e a Bíblia é realmente palavra de Deus que nos transmite a verdade para a nossa salvação. Não se trata de verdade científica ou histórica, mas a verdade sobre Deus, sobre o homem e sobre o sentido da vida e do mundo (DV 11). Por isso mesmo, a interpretação correta da Bíblia requer que se conheça a cultura do povo da Bíblia, a mentalidade e intenção do autor sagrado, bem como o gênero literário em que tal ou qual obra foi escrita. Sem contar que toda interpretação deve estar de acordo com o Magistério da Igreja (DV 12). Uma coisa é certa: seja o simples crente, seja o estudioso erudito, deve procurar o sentido último da Escritura em Cristo e procurar interpretá-la no mesmo Espírito Santo que a inspirou e a entregou à Santa Igreja (DV 21). 

Por isso, a Igreja venera as Sagradas Escrituras como Palavra de Deus e exorta aos fiéis para que se alimentem dessa santa Palavra para o bem de sua vida espiritual e da sua vida moral. A celebração da Eucaristia é o lugar por excelência para se proclamar e escutar a Palavra de Deus, pois aí, a Palavra anunciada, que é Jesus Cristo, faz-se carne que alimenta e dá vida. 

Sem. Davi Paulo Coelho

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