ARTIGO DO MÊS DE MARÇO DE 2017
“E
VIU QUE TUDO ERA MUITO BOM” (Gn 1, 31)
Por Antônio Hübner da Silva Preve

Contudo,
existe uma certa dificuldade na contemporaneidade de as pessoas assumirem
concretamente este desafio do cuidado. Uma causa para isso é a grande
valorização do ser humano em si mesmo frente às demais coisas.
Em
filosofia, ao estudar o ser humano, vemos que é próprio deste se relacionar. O
humano é relacional por natureza. Relaciona-se com Deus, com o outro e com as
coisas (natureza). Porém, parece que a relação com a natureza sai em
desvantagem quanto à importância que damos a ela, demonstrando que talvez o
cuidado por esta, seja menos fundamental.
O
Papa Francisco na encíclica Laudato Si, sobre o cuidado com a casa comum, bem
como, os bispos no texto base da Campanha da Fraternidade 2017, mostram-nos que
tudo está relacionado e que precisamos da natureza para sobreviver, além de que
devemos amá-la, pois “Deus viu que tudo era bom” (Gn 1, 12).
Ser
humano sem natureza é alguém sem segurança, sem casa, sem chão. Lembremos-nos
de quando éramos crianças e na aula de Artes a professora nos corrigia porque
desenhávamos uma casa, uma árvore, um boneco palito, mas esquecíamos de fazer o
chão e então a professora dizia: - “Querido, seu desenho está voando?”. Isto é
apenas uma alegoria simples para nos recordar a importância do nosso chão, da
nossa casa comum que nos sustém: a natureza.
Nós
somos seres racionais e por isso, somos os únicos capazes de cuidar disso, pois
ao olharmos para os animais e vegetais, eles por si vivem uma harmonia, nós,
por outro lado, somos quem constantemente saímos deste complexo harmonioso de
realidades humana, divina e natural. Se “Deus viu que tudo era bom” (Gn 1,12),
quem somos nós para não darmos a devida importância para a criação que vai além
do nosso “eu”?
Motivemos-nos
para que com a Campanha da Fraternidade 2017, a consciência de cuidado com a
casa comum, de fato, se concretize em nossas vidas, começando pelas pequenas
atitudes.
Que
nesta Quaresma, que é um tempo de conversão, realmente nossos corações se
convertam ao ponto de afirmarmos nas palavras e ações que, verdadeiramente,
“[...] tudo é muito bom”. (Gn 1, 31).