19 de mar. de 2017

ARTIGO DO MÊS DE MARÇO DE 2017

“E VIU QUE TUDO ERA MUITO BOM” (Gn 1, 31)
Por Antônio Hübner da Silva Preve

Iniciamos a Quaresma com a Campanha da Frateridade 2017 que traz como lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2, 15); e como tema: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”. O discurso acerca da ecologia tem tomado espaço não só em âmbito global, mas também eclesial, afinal de contas a nossa casa é comum, ou seja, nosso planeta é de todos.

Contudo, existe uma certa dificuldade na contemporaneidade de as pessoas assumirem concretamente este desafio do cuidado. Uma causa para isso é a grande valorização do ser humano em si mesmo frente às demais coisas.

Em filosofia, ao estudar o ser humano, vemos que é próprio deste se relacionar. O humano é relacional por natureza. Relaciona-se com Deus, com o outro e com as coisas (natureza). Porém, parece que a relação com a natureza sai em desvantagem quanto à importância que damos a ela, demonstrando que talvez o cuidado por esta, seja menos fundamental.

O Papa Francisco na encíclica Laudato Si, sobre o cuidado com a casa comum, bem como, os bispos no texto base da Campanha da Fraternidade 2017, mostram-nos que tudo está relacionado e que precisamos da natureza para sobreviver, além de que devemos amá-la, pois “Deus viu que tudo era bom” (Gn 1, 12).

Ser humano sem natureza é alguém sem segurança, sem casa, sem chão. Lembremos-nos de quando éramos crianças e na aula de Artes a professora nos corrigia porque desenhávamos uma casa, uma árvore, um boneco palito, mas esquecíamos de fazer o chão e então a professora dizia: - “Querido, seu desenho está voando?”. Isto é apenas uma alegoria simples para nos recordar a importância do nosso chão, da nossa casa comum que nos sustém: a natureza.

Nós somos seres racionais e por isso, somos os únicos capazes de cuidar disso, pois ao olharmos para os animais e vegetais, eles por si vivem uma harmonia, nós, por outro lado, somos quem constantemente saímos deste complexo harmonioso de realidades humana, divina e natural. Se “Deus viu que tudo era bom” (Gn 1,12), quem somos nós para não darmos a devida importância para a criação que vai além do nosso “eu”?

Motivemos-nos para que com a Campanha da Fraternidade 2017, a consciência de cuidado com a casa comum, de fato, se concretize em nossas vidas, começando pelas pequenas atitudes.

Que nesta Quaresma, que é um tempo de conversão, realmente nossos corações se convertam ao ponto de afirmarmos nas palavras e ações que, verdadeiramente, “[...] tudo é muito bom”. (Gn 1, 31).

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